Conheça alguns instrumentos antigos que ainda são utilizados na música erudita
A música erudita como conhecemos hoje surgiu no século XIX, quando o termo “clássico” começou a ser utilizado para designar músicas do período de Bach a Beethoven. Mas a origem da música erudita remonta à Idade Média e ao Renascentismo, que vai do século V ao XVII.
Nessa época os instrumentos musicais eram desenvolvidos a partir de materiais considerados um tanto exóticos em pleno século XXI, como cordas de tripa de carneiro, palhetas de pena de corvo e flautas de chifre.
Saber tocar diversos instrumentos e ter capacidade de improvisação eram pré-requisitos para um bom músico desse período. Afinal, a música era utilizada para entreter reis e rainhas.
Por isso, reunimos neste texto alguns instrumentos que eram utilizados na música erudita séculos atrás e, que ainda hoje, alguns músicos utilizam para contar um pouco da história da música antiga. Confira!
Como eram os instrumentos de música erudita
No período entre Idade Média e Renascimento os instrumentos principais eram flauta doce, o alaúde, tambores, liras e o órgão medieval. Com o surgimento das orquestras no período do Renascimento, os músicos começaram a desenvolver instrumentos que enriqueceram ainda mais a música erudita passando a usar violinos e cravos.
Nos primórdios da música erudita, os instrumentos usados para contar histórias, poemas e lendas eram:
Viela de roda
A viela de roda é um instrumento de cordas, feito em madeira, parecido com o violino. Seu nome faz referência a forma como o som é produzido: a partir do girar de uma manivela. Este instrumento podia ter de 3 até 6 cordas, além de um tipo de teclado onde o músico tocava as notas enquanto girava a manivela.
Alaúde
O alaúde é o que mais se aproxima da ideia de um violão atualmente. Introduzido na música clássica durante a Renascença, o alaúde é um instrumento de origem árabe e formato abaulado, que pode possuir diferentes tamanhos e números de cordas.
Charamela
Apesar do nome nem um pouco convencional, a charamela é bem parecida com o oboé, ou seja, também era um instrumento de sopro. Era feito principalmente de madeira, e seu bocal podia ser com palheta dupla ou única. Infelizmente, não é muito fácil de se encontrar este instrumento pois com o passar dos anos acabou sendo substituído por outros instrumentos de sopro.
Saltério
O saltério é um dos instrumentos mais antigos da música clássica, ele possui de 7 a 10 cordas e que eram tocadas com os dedos. O saltério é muito parecido com a harpa, no entanto a diferença se dá ao seu corpo ou caixa de ressonância que é em forma de trapézio e triângulo.
Flauta doce
De todos os instrumentos acima citados, a flauta doce foi o instrumento que mais manteve sua forma original e que até os dias de hoje é usada, principalmente, em orquestras.
A flauta doce possui um corpo cilíndrico com pequenos furos por onde o músico faz as notas com os dedos, enquanto assopra em sua extremidade.
A música erudita acessível com instrumentos antigos
Algumas bandas e músicos tentam preservar a história da música ao se apresentar com instrumentos medievais e renascentistas. O objetivo é tornar a música erudita mais acessível e, através de instrumentos antigos, compartilhar cultura e conhecimento por meio de timbres exóticos, além de instigar a curiosidade do público.
O Trio 3 por 8, composto pelos multi-instrumentistas Eduardo Antonello, Roger Ribeiro e Pedro Hasselmann, apresenta desde músicas medievais, renascentistas e barrocas até composições próprias utilizando instrumentos raros e desconhecidos do grande público.
A banda de música neo-medieval Corvus Corax usa instrumentos autênticos, construídos por seus integrantes, além de uma grande variedade de grandes tambores e gaitas de foles. Composta por 6 integrantes, que se apresentam vestidos de semideuses, a banda é referência em música medieval na Europa.
O grupo curitibano Studium Musicae é outra referência no uso de instrumentos musicais antigos. Na ativa desde os anos 1980, o grupo foi o primeiro a gravar um CD dedicado à música medieval, com instrumentos da época, no Brasil.